A situação da educação brasileira é tão grave que 63% das escolas avaliadas foram reprovadas no exame. É um dado alarmante e gravíssimo. O desempenho paraense, apesar de ser o melhor na região Norte (Amazonas e Acre estão empatados na última colocação), é preocupante. Na média nacional de 537, a média do Pará foi de 532 pontos. Das 100 melhores escolas paraenses, apenas 10 são públicas. O meu querido Paes de Carvalho, por exemplo, que já foi referência educacional, ocupa o 53º lugar em Belém e 172º colocação no estado. E não é só isso, muitas escolas particulares de renome e tradição, frequentadas por alunos da classe média alta, que têm reforço particular, acesso à computação, são bem alimentados e tudo mais, figuram em lugares indesejados.
Eu não sou um especialista, mas esses dados me assustam, e acredito que devem ser investigados. Está correta a forma de avaliação aplicada pelo MEC? Ou existem defeitos na avaliação? Muitas escolas de São Paulo, por exemplo, vão recorrer do resultado. Por outro lado, em que estatística nós devemos acreditar? Porque eu não posso acreditar que a sétima economia mundial, um País autossuficiente em petróleo, com uma das maiores reservas econômicas do mundo (entre os países do BRIC só perde para a China), um País que tem um volume crescente nas suas exportações, que tem grandes riquezas e potencialidades possa ter um nível de educação tão ruim. Então, nós brasileiros devemos acreditar nos índices sociais e econômicos que são divulgados pelo governo? Os dois não batem, são incompatíveis. O Brasil tem uma das maiores taxas de analfabetismo na América do Sul e está entre os últimos colocados, na área da Educação, na América Latina. Isso merece esclarecimento ou uma leitura melhor da nossa realidade. Não faz muito tempo que o governo brasileiro comemorou a passagem de 20 milhões de pobres para a classe média, e agora se sabe que essa virada foi proporcionada por frentes de trabalho agregadas a uma política intensa de bolsas assistenciais que proporcionaram alguma melhora na condição de pobreza dessa faixa da população. Não há motivo para comemoração porque, quando os Estados Unidos revelaram como vive a sua classe pobre, nós logo descobrimos que os 20 milhões de cidadãos que foram “transferidos” para uma “nova classe média” estão abaixo da linha de pobreza quando se enquadram nos parâmetros americanos.
O desequilíbrio nos índices do governo federal é um aviso de que o sinal está vermelho para nós brasileiros. A saúde no Brasil vai muito mal e não é só em hospitais, postos de saúde ou pronto-socorros públicos. A educação também. O índice de criminalidade aumenta diariamente e envolve principalmente os nossos jovens. A situação da violência é absurda porque envolve, principalmente, a juventude. As estatísticas mostram que os jovens são as maiores vítimas, mas também são os que mais praticam crimes. A qualidade de vida da maioria da população é dolorosa. Então, embora ainda exista quem queira tapar o sol com a peneira, não poderia haver resultado diferente na situação educacional. Esta é a nossa realidade.
O resultado do último Enem revelou à opinião pública que 2/3 das escolas no Brasil oferecem ensino de péssima qualidade, o que inevitavelmente compromete o futuro da nação, porque a probabilidade do nosso jovem chegar à universidade é bem pequena e, se isso acontecer, ele vai habitar o campo da mediocridade intelectual e profissional, o que não interessa a um mundo globalizado e competitivo, no qual a inteligência e a qualificação fazem toda a diferença.
JADER BARBALHO*Texto originalmente publicado no Jornal Diário do Pará no dia 18 de Setembro de 2011.
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