domingo, 23 de maio de 2010

O ARTIGO DO PRESIDENTE

As Esquinas de Belém
23 de maio de 2010
Há mais do que lixo espalhado a granel nas esquinas de Belém, ou mesmo buracos e bueiros a céu aberto, de onde sai o fétido odor do descaso público. Há seres humanos, em profusão, vestidos com trapos e dormindo ao relento, cobertos com papelões. A população de rua aumentou muito, com certeza, na última década. Nas principais praças de Belém, comunidades de mendigos são vistas a qualquer hora. São homens, mulheres, crianças e jovens que estão sem o elementar direito à cidadania.
Não podemos mais culpar o alcoolismo, as drogas ou a loucura. Aliás, não se trata da culpa, mas da responsabilidade que o poder público deve ter com os problemas sociais da população. Esses dias, numa reportagem deste jornal – na qual há um triste relato de uma senhora de 80 anos, portadora de hanseníase desde os 13 - a coordenadora da Casa Andréa, tradicional entidade de tratamento e abrigo, lamentou a saída de pacientes que estão morrendo nas ruas, desde que foram cancelados os serviços médicos e assistenciais. A mesma situação vivem as creches e outras instituições de apoio à população carente. A burocracia estatal, que deve ter crescido bem mais que a população de rua, é sempre a justificativa para os cortes de verbas. Não fosse o trabalho do voluntariado a situação seria ainda pior. Não é possível seguir a vida normalmente, depois de olhar a sarjeta e ver uma criança sem futuro, um jovem sem nenhuma expressão de felicidade ou um homem, uma mulher com os olhos baixos, cuja tristeza atravessa o coração até dos mais insensíveis.
A origem do problema começa na preguiça e na incompetência de dirigentes públicos que hoje estão mais preocupados em governar com o chamado marketing do que com programas e projetos voltados para as necessidades da população pobre. A reestruturação familiar passa por ofertas de emprego, garantia de escola, saúde, segurança e assistência. Muitos governos têm medo desta palavra – assistência - porque entendem que ela não é compatível com o moderno estilo de governar. Assistência, entretanto, é totalmente compatível com humanidade, sensibilidade e amor ao próximo.
A Ação Social, nos meus governos, foi indispensável, assim como o empenho da Secretaria do Trabalho e da Fundação da Criança e do Adolescente. As famílias mais pobres tiveram acesso a projetos e programas de oportunidades, como o Pró-Oleiro, Pró-Moveleiro, Pró-Confecção, Pró-Alimento e outros. E o Estado absorvia esses serviços, comprava o que era feito. Era uma ciranda associativa, da qual participavam os centros comunitários e as associações de moradores. Inaugurei o Hospital das Clínicas, com ênfase no tratamento psiquiátrico e estimulei a criação de espaços de recuperação de dependentes químicos. Além disso, todo ano havia a Feira dos Municípios que levantava um montante considerável de recursos para investimentos em obras sociais em todo o Estado, além de promover a integração social. As entidades assistenciais recebiam incentivos. Isso mudou a vida de muitas famílias que estavam ao desalento, numa época de altos índices de desemprego e crises sociais.
O lixo que se acumula nas ruas de Belém e que é um fator de risco à saúde da população, pode ser retirado com mais facilidade, com medidas simples. Basta apenas querer. Entretanto, devolver a dignidade e a condição de cidadãos àqueles que hoje não têm casa, família, uma refeição decente e nem a menor chance de ser feliz, demora um pouco mais de tempo: o tempo da coragem, da sensibilidade e da responsabilidade com a vida humana, o dever primeiro de qualquer governo.
JADER BARBALHO
*Texto originalmente publicado no jornal Diário do Pará no dia 22 de maio de 2010

2 comentários:

Anônimo disse...

Felipe,vc esta de parabens o blog foi uma otima ideia!
Vc tem muito talento,gostaria no futuro de lhe conhecer pessoalmente para lhe agradecer pela iniciativa.
Continue assim vc tem um futuro brilhante.

Senna da Pratinha disse...

Helder Barbalho, reunirá com os prefeitos do PMDB, que estão sendo convidados para tratar de diversos assuntos referentes aos interesses partidários.



A peça de resistência do encontro, todavia, é auscultar a tendência dos mesmos sobre a eleição estadual, mais particularmente a posição do PMDB quanto aos três caminhos que o partido pode tomar.